12 de abr. de 2011

Ainda estou em frangalhos!!!

Semana passada, eu, o Brasil e talvez o mundo inteiro, ficou paralisado diante da notícia estarrecedora de que um homem portando dois revólveres, havia invadido uma escola municipal do bairro de Realengo, no Rio de Janeiro, atirando e matando 12 crianças e ainda ferindo mais 13 meninos e meninas de idades entre 11 e 15 anos de idade.
Eu acordo bem cedo todos os dias e tenho uma rotina que segue com o levantar do meu filho mais velho, levá-lo para o Colégio, depois fazer academia, fazer o café para o filho mais novo, ajudá-lo na lição, ver o almoço, levar o pequeno para a escola, buscar o mais velho na mesma....enfim, naquela quinta-feira nada foi diferente disso, a não ser pelo fato que eu comecei a assistir no jornal matutino da TV. No início eu não tinha entendido muito bem o ocorrido... Pensei que era mais uma dessas brigas entre traficantes com viciados que frequentam o interior e arredores de uma escola, que não pagam suas dívidas, e que, no meio da confusão, crianças inocentes tinham também se ferido. Aos poucos fui entendendo que não era nada disso! Aliás, seria um dos primeiros crimes dessa natureza a ocorrer dentro do país, matando tanta gente! Quando sentei no sofá e comecei a ver a aflição de pais e mães em busca de seus filhos dentro da escola massacrada é que me dei conta do sofrimento!
Imediatamente pensei nos meus dois filhos com idades semelhantes aos que frequentavam o colégio Tasso da Silveira em Realengo...e tive vontade de entrar na TV ou me tele transportar para lá a fim de ajudar aqueles pais em desespero a encontrar seus filhos no meio da confusão! Mais tarde, quando começaram a mostrar as imagens das crianças ensaguentadas correndo pedindo ajuda para fora da escola, é que pude visualizar com mais certeza o horror que havia acontecido ali! E chorei. Chorei com o coração todo moído apesar de não conhecer ninguém que passou por tudo aquilo. Não sabia o nome dos envolvidos, não tinha idéia nem do sexo das crianças mortas e feridas. Não tenho parentes nem amigos em Realengo. Mas chorei com uma tristeza enorme! Tristeza de ver a que ponto um ser humano chega em sua loucura e em sua busca ensandecida por violência. Chorei por ver tantas vidas inocentes sendo retiradas desse mundo por motivo nenhum! Chorei por ver tantos pais e tantas mães que só terão, daqui pra frente, o consolo da fé por não poder mais conviver com seus amados filhos mortos! Chorei por ver a dor das crianças baleadas, feridas, encharcadas de sangue, psicologicamente esmagadas por tanta crueldade!
Depois, não mais calma, não deixei que meu filho pequeno fosse a escola. Busquei o mais velho e quis ficar, como uma galinha choca, naquela quinta-feira inteirinha, abraçada aos dois, só agradecendo por ter eles ali, bem e vivos comigo! Nos dias seguintes é que me caiu a ficha para pensar mais friamente sobre o assunto, no qual quero aqui discutir com vocês. Por que uma pessoa de 24 anos de idade, compra duas armas letais, compra munições aos milhares, aprende a atirar com precisão, invade uma escola, onde supomos haver ali somente crianças estudantes querendo crescer e aprender, para terem um futuro digno e melhor, apenas para causar tanta dor e estrago???? Sim porque esse cidadão não matou apenas 12 crianças. Ele matou um país inteiro! Todos nós estamos um pouco mais mortos depois desse fato, com certeza! Foi loucura??? Terrorismo??? Fanatismo religioso??? Sadismo??? Diabo??? Acidente??? O que eu pude constatar, diante dos fatos nos apresentados pela mídia em geral, é que o assassino era uma pessoa perturbada, claramente portador de distúrbios mentais e de personalidade, um doente mental esquizóide, talvez até já diagnosticado com esquizôfrenia, e que, motivado não sei pelo que, cometeu essa atrocidade enorme!!! Eu trabalhei por algum tempo em Hospital Psiquiátrico e conheci de perto pessoas portadoras de esquizôfrenia, psicóticos e outras doenças mentais. São indivíduos cindidos da realidade que não distinguem o que é real do que é fruto da imaginação. São pessoas sofredoras porque sempre estão divididos entre o que está acontecendo verdadeiramente do que pode ser apenas "coisa" das suas cabeças! E vou lhes afirmar aqui: o sofrimento deles realmente é enorme! Basta assistir o filme "Uma mente brilhante" para perceber do que estou falando. Por causa disso, nunca vi casos de esquizofrênicos ou psicóticos que matam assim, em massa e indiscriminadamente! Geralmente, a tragédia deles é mais pessoal, ou seja, são pessoas que se matam ou praticam atos a um outro indivíduo somente, como foi o caso daquele Personal Trainer que golpeou um estudante na Livraria Cultura em São Paulo, matando-o sem razão alguma. Na minha opinião e até de alguns outros especialistas mais apurados e entendidos no assunto, esse assassino de Realengo foi insuflado a praticar tal ato horroroso.  Alguém ou algum grupo maldoso, perverso e tão culpado quanto, deu idéias para que ele praticasse tal barbárie. Nem estou falando dos que venderam as armas para ele, sendo esse outro assunto aterrorizante no nosso Brasil. Falo daqueles que tiveram contato com esse rapaz assassino e que talvez lhe insuflaram tamanha violência! Hoje penso se seria possível evitar o que aconteceu. Não sei. O acaso é tão surpreendente que não há resposta para esse questionamento. Mas é inevitável pensar que se esse indivíduo tivesse um acompanhamento mais de perto quanto a sua doença e loucura mental, fosse cuidado e não isolado como nos parece que ficou na sua vida adulta, tudo poderia não acontecer dessa forma. Além disso, nos parece que ele foi vítima de bullyng, onde houve omissão ou desconhecimento por parte dos educadores da época em não prestar ajuda para tal fato. Não quero julgar também religião nenhuma, mas penso que, se a família dessa pessoa buscasse mais ajuda médica e menos ajuda em Igrejas, talvez ele estivesse medicado e menos delirante em sua fúria por violência. Outra coisa são os supostos amigos e conhecidos desse rapaz. Se ele era tão estranho, porque ninguém procurou alertar seus familiares sobre seu comportamento??
Apesar de todas essas perguntas sem respostas que ainda me perturbam, gostaria de falar das coisas boas que vi nesse episódio. Ressalto a imensa solidariedade do povo carioca que, em meio a dor, saiu de suas casas para doar sangue aos feridos e necessitados. Destaco o empenho de médicos, enfermeiros, auxiliares e bombeiros que, mesmo estando em suas respectivas folgas, compareceram em massa de forma espontânea, doando seu trabalho em prol dos que precisavam tanto naquele momento. Elogio aqui aqueles que foram verdadeiros heróis diante de tanto sofrimento, levando crianças feridas até o rápido socorro em seus carros, além daqueles que tentaram salvar a grande maioria dos alunos, como os professores da referida escola. Parabenizo os policiais que foram corajosos o suficientes para agirem rápido no socorro a todos. E elogio ainda todo brasileiro que se emocionou com esse triste episódio, doando um pouco de energia positiva aos que passaram de perto por esse horror!
São fatos a se pensar não é? 
Por hora acho que podemos é fazer a nossa parte como mães, pais, amigos e cidadãos. 
Cuidar do próximo, ter cidadania e ética, praticar a solidariedade, não fechar os olhos para o que é errado e principalmente fazer o que mais eu tenho feito nesses últimos dias: 
beijar e abraçar muito meus queridos filhos!
Beijos
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15 comentários:

Adriana Balreira disse...

Lola,
Vc traduziu nesse texto todas as nossas dores, angústias e questionamentos diante desse episódio tão dolorido para todos. Eu, apesar de não ser mãe, sofri e ainda sofro por todas as mães envolvidas com esse evento. Sofro ainda pelas crianças que perderam a vida e as que viram esse horror de perto.
Agora é rezar para que Deus acolha os que foram com todo o amor Dele!
Beijos
Adriana Balreira

Carine Gimenez disse...

Bia eu também continuo chocada,ferida com essa tragédia.
Eu só sabia chorar e rezar em frente à televisão.
O Brasil foi sangrado. Todos sofreram juntos. O mundo estarrecido chorou conosco.
Peço à Deus que ampare cada mãe,cada pai,cada familiar que teve seu coração despedaçado.
Seu post disse tudo:precisamos praticar a solidariedade,a cidadania.
Eu fiquei muito orgulhosa da minha gente. Os cariocas enfrentaram sua dor com coragem,humanidade,solidariedade,gentileza.
Beijos gata.

Bia Jubiart disse...

Oi Lola!

Fiquei arrasada e em estado de choque por alguns minutos, achando que estava em qualquer lugar do mundo menos no Brasil. Vc descreveu exatamente o que muito de nós ficamos a nos perguntar...

Felizmente a vida segue Lola...

Beijoooooo e carinhossssssss

She disse...

Muito, muito triste... Beijo, beijo!
She

Roberta Mello disse...

Bia, eu sinto tanto por tudo e por todos envolvidos, nao posso imaginar a dor dessas mães e por isso disse no blog que olhar prá dentro de nossos filhos, despir-se de qualquer medo de enfrentar o que passa com nosso filho é o que devemos fazer...e claro, enche-los de muito amor, de muita luz branca e boas energias!!beijosss

Patrícia Gomes disse...

Lola, não tenho filhos, mas mesmo não os tendo, senti-me como mãe ameaçada de perder sua cria, e sentí-me extremamente mal, mas sei que nem perto cheguei da dor das famílias que vivenciaram esse ato insano.
Sinto muito até agora, mas confesso que desde a hora que vi o primeiro noticiário a respeito, também senti uma pena imensa desse rapaz. Não, ele não é um monstro, ele é um ser humano como nós, só que teve dores outras e não soube e nem teve suporte pra lidar com elas, além de ter sido insuflado seja lá por deusabequem!
Nada justifica, NADA, o ato violento que ele cometeu, mas ainda assim eu rezo por ele também, todas as noites, por que imagino o quanto ainda sofre e sofrerá.

Xêros, amada!
Paty

Lilian Britto disse...

Ainda temos muitas perguntas sem resposta né Lola? Eu ainda choro qdo vejo imagens dessa tragédia... Tbem fiquei pensativa sobre a existência de outras pessoas envolvidas nisso tudo, não sei se ele teria como ter feito isso simplesmente motivado por sua doença...
A verdade é como vc mesma escreveu: todos estamos meio mortos depois disso... Que Deus proteja nossos filhos, porque é só c Ele q podemos cotnar...
Beijos =*

@morenalilica

Lílian disse...

Olá, é isso mesmo, só preciso do link onde você fala sobre a história de sua superação. Vou ficar muito feliz em relatar sua história. Se você quiser me mandar um e-mail contando tudo, liliancaoalves@hotmail.com, meu contato no twitter é @lilianxalves. Um grande abraço.

Alexandra Lopes Da Cunha disse...

Bom, pela tua formação, deves saber bem mais do que eu.
Mas é uma conjunção de fatores, não é Lola? uma doença mental grave, uma familia que não amparou - o sujeito vivia sozinho depois da morte da mãe adotiva, o desejo de ficar famoso - ainda que depois de morto.
Infelizmente é um fenômeno que se espalha pelo mundo. Começou nos EUA e já houve casos pela Europa - Finlândia, Holanda, na China e agora no Brasil. É isso que me assusta. Esse jovens desajustados e doentes que, estimulados por exemplos macabros resolvem praticar atos semelhantes.
Chorei ao assistir e parei de acompanhar os jornais porque achei a cobertura da imprensa por demais exagerada, tipo imprensa marrom mesmo, sabe?
Mas tens razão, maravilhosa foi a reação dos profissionais de saúde e dos cidadãos tentando ajudar como podiam
bjs

Giuliana: disse...

Muitos questionamentos, nenhuma resposta! Foi um ato cruel e que aterrorizou a todos nós, mesmo a maioria não estando nem perto do Rio, mas não tem como ver uma barbaridade dessas e não se afetar, não se entristecer.

Impossível não nos sentir inseguros. Mas também impossível não perceber o quanto o coração de muitos brasileiros são lindos e generosos.

Fiquei impressionada vendo as pessoas pintando o muro da família deste rapaz por compreender que eles não têm culpa por toda essa tragédia, e com isso serem ofendidos e blasfemados.

E o que nos cabe? Amar os nossos, demonstrar, curtir cada momento. ;oD

Beijos

A FADA DAS AGULHAS disse...

Amiga,você traduzia com suas palavras nossa dor.Me causou um angústia,uma dor..terrível,não tenho palavras!E o medo e a insegurança cada vez nos toma mais.
Bjss

Fabiana Simone Torres Tardochi disse...

Bravo Bia!
Vc descreveu tudo o que senti e ainda sinto sobre o caso.
Muitas dúvidas ainda terão que ser esclarecidas, e o que o nos resta no momento é orar para essas famílias que foram despedaçadas encontrarem forças para superar a dor para conseguirem seguir em frente.
Beijos

Leticia disse...

Lola
Não consegui ainda entender o que to sentindo com tudo isso... sério mesmo. Eu procurei não assistir imagens, porque isso me deixou mais triste. Acho que ainda é difícil de entender o que aconteceu e o que fazer com tudo isso...
Aos poucos vamos saber aonde encaixar todos estes sentimentos tão diversos! Tão tristes...
Beijos
lelê

Maiby Martins disse...

Pois é. Eu moro em Realengo e passei próximo à escola alguns minutos após o acontecido, com maridão ao volante.
Ele disse que devia ser um incêndio, pois o caminhão do bombeiro estava parado ao lado da escola. Mas eu, moradora do local desde os 14 anos, disse que era tiroteio, também pensando na invasão de traficantes.
Víamos pais atordoados correndo na rua em direção à escola. As pessoas paradas nas calçadas, em frente as suas casas, com o olhar perplexo, apavorado.
Vi um pai descalço, sem camisa, agarrado à filha, chorando muito, que tinha o uniforme salpicado de sangue, subindo a rua aos tropeços, desorientado...
Estávamos com o rádio ligado e na Estrada Manoel Nogueira de Sá, rua próxima ao local, ouvimos a notícia de que um suposto palestrante havia aberto "fogo" contra os estudantes e três crianças estavam mortas.
Maridão ficou lívido, quis voltar, quis fazer algo pra ajudar. Ele estava me levando à consulta pós-cirúrgica e se dirigindo ao quartel onde trabalha.
Dificilmente vejo maridão chorar. Mas ele soluçava feito criança, se culpando por não estar lá no momento do ataque, para evitar tamanha atrocidade. Foi duro vê-lo assim.
Uma coisa é tiroteio entre adultos, outra bem esdrúluxa é saber de crianças sendo baleadas por nada.
E toda vez que aparecem imagens nos jornais, choramos copiosamente. Também somos pais. E jamais imaginaríamos isso aos nossos bebês, mesmo que uma tenha 21 e o outro 16.
Você tem razão. O Brasil morreu um pouco nessa tragédia no meu bairro...
♫ Alô, alô Realengo aquele abraço! ♪
Bejins

Luma Rosa disse...

Estava viajando, pouco assisti do caso e somente quando retornei que pude me ater a este fato com grande pesar.
Hoje pela manhã, vi pelo telejornal que as famílias estão reunidas para celebrarem a missa de sétimo dia e diante de uma tragédia como essa, que só me aponta para um colapso social, imagino como estarão mexidas as cabeças das crianças sobreviventes a essa chacina.
O mundo precisa de mais delicadeza, de pais presentes e amorosos! Pensei na família do tal rapaz 'bandido' que a mídia não fala - seria ele sozinho no mundo? Ele, seu computador e os amigos maus? Teve sonhos um dia? Socialmente ele foi uma cria do sistema e penso que, se os pais não precisassem trabalhar tanto, se não tivessem tantas preocupações, se o estado cumprisse o seu papel dando ao cidadão o que é de direito básico, não haveriam tantos crimes. Nessa mesma ordem, acho confortável para o nosso (des)governo apontar o rapaz como um louco, fanático ou o que quer que seja nessa direção se isentando da responsabilidade social.
O que faltou a esse rapaz, falta a muitos cidadãos, mas ele surtou! Não segurou a onda.
Estamos orfãos.
Beijus,